Sozinho e Separados

Da sua cabana sai. Casinha de madeira, antiga, onde lá viveram. Descalços e frios, aqueles pés desenrolados em passos desorientados, em amargura de quem não encontrou rumo a eles destinados. Corpo com o flagelo em si percorrido, abandonado e, em partes extensas de memórias alheias, esquecido. Peso a peso, queda a queda, vai regando com as suas lágrimas aquele pedaço de terra onde estava sentado, pântano maravilhoso, em árvores e dos mais deslumbrantes sons de animais, onde pensava em tudo e em nada.  De dia chega, de noite ia. Onde ele se permanece, em tempos viviam os dois, baseados em amor, carinho, compaixão e companheirismo. Ele não queria pensar. Fazia um esforço para não pensar, mas quando tentava não pensar, surgia "estou a pensar em nao pensar, mas penso porque não quero pensar ". Vida pouco branda com ele, ensinou-lhe o caminho destinado, o caminho isolado e desorientado em idéias e em sentimentos. Sem ela, pobre velho amargurava por dentro. Não sentia solidão, sentia-se sozinho por se achar o único a viver tamanha tristeza.
De ventos em escala si menor, a meio do desconfortável, fazia-se percorrer em corpo pouco vívido, entrecalado entre as várias árvores belas e robustas que se lá sentavam ao seu lado, que por sua vez, em torno de tanto desânimo, eram as suas companhias. Nao tinha más companhias, pois, de base, a natureza vai educar aquele homem, educa-lo a viver novamente.
Na diária volta para casa, surgiam as constantes mágoas e lembranças da mulher velhinha que tinha e do seu sorriso bondoso. Em lágrimas fazia-se assim, mais uma vez, derramar toda a sua tristeza de quem sente saudade do cobertor natural na cama, da companhia nas refeições e, sobre tudo, do amor que lhe tanta faltava, porque mais uma vez, lá ia o pobre velho para casa sem lhe dar a sua mão.

RJ99

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