Não és

Parece estranho. Um mundo revertido como quem vê o pôr-do-sol reflectido no mar, dispensando o verdadeiro belo sobre as águas do imenso mar, onde vês as margens contaminadas por gigantes barcos, onde, ao observar o quadro lunar mágico, não consegues perceber se é óleo negro ou sangue. Sangue das guerras, do racismo, vandalismo, prostituição ou das mães que abortaram seus filhos brancos e claros da inocência da pouca vida que até ao momento tinham percorrido. Um mundo que, estranhamente real, ficou. É a tristeza da realidade que fala, onde vejo gente a enfrentar por um prato de comida, onde a água é saliva  e droga alivio. Enquanto muitos dormem, outros se contorcem. É o frio que segue o rumo e com ele a sua sorte. Corrupção é diversão, trabalho duro de tormento é o sustento. A moda é o humilhado engraxar o sapato e em qualquer caso é apenas mais um chato. A vida é mais que um mero poema realizado por um ser bem sucedido, esquecido, despreocupado por quem o pouco lhe persegue de forma sistemática.
Não és o mundo que via em criança. Quem és tu, mundo cruel? Convidas, de forma injusta, a morte habitar no coração que não lhe pertence. Sai, acaba, deixa. Não mereces os bons.
Não és.
 

3 comentários:

  1. O final do fimle A Missão, de Roland Joffé, tem uma citação que me marcou muito... simplesmente diz "The world is thus. Thus have we made the world".

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  2. Não tenho palavras mais uma vez...

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