Manto do "só"

Concelho: Não desligar a música

Escura a noite e quente maliciosa a minha mente. Sentia frio e que agasalhado eu estava. Neve caia solenemente no seu tempo que aos poucos, e quando acontecia, era quebrado com um toque de uma leve brisa fria, exaltada pelo transtorno de cada carro que passava e que num caso fazia-se sentir mero e já em outro realmente constante. Mas nada daquilo me fazia importância. Nada comparado com o que eu estava a sentir. Olhava em minha volta, em quela neve noturna, e em todos via a felicidade presente. Cada sorriso dado pelos casais que passeavam pelas ruas cobertas daquele manto branco espelhava em mim aquilo o que me faltava. Naquela cena não estava feliz. Uma bengala acompanhava-me. Uma bengala que por sinal fazia me parecer ser de bastante luxo. Era brilhante e tinha uma curvatura no inicio da mesma, com bastantes fios dourados. Não estava mal vestido de todo. Porem, do que me adiantava tanta luxuria quando o meu sitio era um banco de madeira gelado. Permanecia sentado no meio do banco, de frente pra um lago coberto de gelo e em volta a bem dita manta branca. Só, eu estava. Por instantes parava um casal ou outro no "meu" banco para se deliciarem com o seu amor, mas logo saiam. O mais provável era eu estar a incomoda-los com a minha presença. Não saia do meu lugar. Para onde eu ia se não pra minha casa? Casa que só eu habitava. Não estava confortável perante tanto amor. Sentia saudades de alguém. De uma mulher, bem capaz. Era a solidão que me ocupava, que se sentava do meu lado e dava aquele abraço ao corpo que não lhe pertencia.

RJ99

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