Lua que és diferente

Concelho: Não desligar a música

Noite suave, quieta como as suas estrelas que aparentavam não se mexer. A lua estava a meio, mostrando aquilo que queria sobre o fundo do horizonte, deixando o seu rasto de luz debruçado no mar ondulado. As ondas rebentavam,  fazendo soar a maravilhosa melodia das águas batidas vezes sem conta nas rochas . Conseguia ver aquilo tudo sentado junto a um penhasco magnânimo e sem fim. De fundo, um pianinho tocava uma melodia, e com ele um som lento e com as suas pousadas ondas que se faziam bater nas rochas; rochas dos que alguma vez pensaram só em si e não nos que os amam. 
Eu limitava-me a atirar ao mar as pedrinhas que me faziam companhia. Aquelas pedrinhas que em tempos foram rochas enormes e que de momento são insignificantes distúrbios para quem anda ali, aleijando e atrapalhando quem menos gosta delas. "Não quero ser esta pedrinha" dizia eu ao mesmo que a atirava ao mar.
A lua iluminava aquela noite estrelada, com tantas ou mais estrelas que pedras vistas do meu lado. Estrelas apoiadas naquele céu infinito, céu que reina o lugar de quem já não está entre nós e que olha por cada um todos os dias. Céu que reina as saudades e as mágoas de quem não está bem. Lua que ama cada noite passada pelo ser, que à janela, pensando, mesmo olhando para o infinito, recordar aquele ser perfeito que tanto ama, ou que por fim amou. Lua, a que limpa as lágrimas dos desfavorecidos no seus amores. Lua que aquece aquele par de corações esfriados do desentendimento mutuo. Lua que fazes, sem mesmo justificando o porquê, com que cada noite seja diferente, pois só de noite percebem, homens, o quão inúteis são, os incapazes que são de fazer aquilo que devem fazer no dia e que apenas é planeado de noite, naquela janela que conforta corações e almas gastas da picardia mental profunda. Lua que fazes a noite ser diferente todos os dias para cada um.
Lua que és diferente 


RJ99

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